Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo e nem me maltrate, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor, mas permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, me faça carinho e fale sobre minha nocauteante beleza. Tenha vida própria, me faça sentir saudades, mas não me abandone. Conte coisas que me façam rir, mas não faça piadas sem graça e nem seja preconceituoso, não perca tempo cultivando este tipo de herança inútil. Viaje antes de me conhecer, saiba muitas coisas pra me ensinar, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Goste de gastar, de sair para conhecer novos lugares, de descobrir novas possibilidades. Acredite nas verdades que digo e nunca duvide delas. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Me empreste seu colo, me coloque pra dormir... Se vista bem... gosto de camisa arrumada e de um pouco de elegância, sem falar no charme que é fundamental! Gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço! Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, peito, barriga, coxas, bunda (rs). Leia, escolha seus próprios livros, releia-os, me pergunte, me responda, me indague, debata comigo, chegue em um ponto em comum, um consenso. Adore a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de balada o tempo todo que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai, mas de tudo um pouco. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes, se reinvente, se renove a cada dia. Me surpreenda, me faça sorrir quando eu menos esperar, me manda um flor ou uma caixa de bombom quando eu nem imaginar... Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos ou de me carregar para a missa. Isso a gente vê depois, se calhar... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para os outros, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Me conte seus segredos, me faça massagem nas costas, me dê um beijo na nuca. Não fume, não beba demais, chore se for verdadeiro, me deixe ser sua amiga, sua companheira, sua parceira. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!
*adaptado de Martha Medeiros
